Buscapé e Bondfaro

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Bruce Kamonk fazendo sua prancha




Não me recordo o ano, mas foi logo quando comecei a surfar entre 86 e 87, que vi Brian Bruce, esse baiano com nome de gringo pegando onda em Jaguaribe de uma forma bem diferente da maioria dos surfistas daquela época.

O cara mandava aéreos e batidas fortes e eu mal ficava em pé na prancha. Aquele garoto me deixou chocado com seu surf.

Bruce seguiu tendo excelentes resultados em campeonatos amadores e profissionais pelo Brasil e principalmente na Bahia, onde foi bicampeão estadual no meio dos anos 90.

Chegou a competir também no circuito mundial WQS, apenas nas etapas brasileiras - que na época não eram muitas.

Bruce treinava de quatro a seis horas, pegando onda, e à noite buscava o condicionamento físico em uma academia. Mesmo com todo o esforço e os excelentes resultados, Brian Bruce Kamonk não conseguia um patrocinador principal que o bancasse nos circuitos brasileiro e mundial.

Talvez pelo seu jeito irreverente, falta de sorte ou sortilégio do destino. Quem sabe?

Em setembro de 2001, um dos maiores mares que vi em Salvador, com uns 10 pés havaianos, fui para o Jardim de Alah e só tinha um cara lá dentro. Era Bruce. Enquanto eu dropava as ondas e acelerava para não ser pego pelo lip, o doido tentava uns floaters e rasgadas. De novo fiquei chocado e feliz com aquela apresentação de surf.

Mas, o fato é que o tempo foi passando e Bruce desestimulado cometeu o erro de muitos garotos, caiu nas noitadas, álcool e drogas, levando um bom tempo em uma triste vida de ilusões.

Mesmo nessa época, continuou pegando onda e começou a shapear. Parece que nasceu mesmo para o surf, pois desenvolveu uma mão mágica, com pesquisas diversas e a ajuda de outro grande talento e shaper Hilton Issa.

Em 2005, conheci Bruce e resolvi fazer duas pranchas com ele, uma 5'8 e uma 6'4, adorei as duas, mas como ele foi morar em Itacaré e Barra Grande, por algum tempo perdemos o contato.

Talvez por ter vivido nesses dois paraísos, tenha amadurecido e como ele mesmo me disse, ainda tinha muito a construir. Não para provar nada para ninguém, mas para ser feliz.

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